O Guerreiro...Parte 38.
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Em 1992 fomos novamente abençoados por uma segunda gravidez. A nossa preocupação e temor novamente presente. Mas está gravidez foi tranquila. Maria Sol vem ao mundo pesando quase quatro quilos. Uma bolinha. Era tão gordinha que ganho o apelido de “gorda”, dada pelo meu pai. Minha alegria estava completa. Só que o médico nos aconselhou a não ter mais filhos, pois uma terceira gravidez seria de muito risco. Resolvemos então acatar as orientações médicas. Em 1997. Angélica quis voltar para Porto Feliz. Compramos uma casa num condomínio fechado e fomos tocando a nossa vida. Via a minha esposa feliz. Havia voltado a suas origens como uma vencedora. Todos aqueles que não acreditaram em nosso casamento. Tiveram que aceitar que se haviam enganado. O guerreiro estava calmo. Repousando. Em total harmonia com o mundo. As meninas estavam com dez e cinco anos. Minha vida se reduzia a escrever e levar as meninas ao colégio. E depois buscá- las. E fazer amor nas tardes e dormir uma sesta gostosa para recuperar forças. Que minha amada e apaixonada esposa sugava nas tardes quentes da terra das monções. A minha felicidade era tamanha. Que às vezes um calafrio atiçava minha espinha. Deixando-me temeroso. As criticas da família de minha mulher sempre chegando. Estava convencido que por mais que fizesse tudo de bom para Angélica. Eles sempre achariam algum defeito. Convicto que não atingiria seus corações. Desisti... Decidi livrar-me desse peso que carreguei por muito tempo. Não devia nada para ninguém. Falei em voz alta... DANESSE!!!!!! Meu terceiro livro só estava na minha cabeça. Queria que fosse uma quase autobiografia. Mas imaginava que devia ditar meus escritos para alguém. Quando me dei conta que não poderia cumprir o contrato. Entrei em contato com a Editora para que mudássemos o tempo da entrega do último livro. Resistiram em principio. Mas depois, aceitaram a minha oferta. Para cobrir esse espaço fizemos uma jogada publicitária e literária. Republicamos meus quatro livros. E fizemos uma turnê por todo Mato Grosso do Norte e do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e os nossos parceiros do Mercosul. Viajei e me apresentei com bastante sucesso. Especialmente em meu país. Onde fui entrevistado pelo meu grande amigo de infância Pedro Gutierrez. No seu programa de televisão. Ele trouxe a tona minha vida de guerrilheiro, o quarto ano de medicina que havia largado, o asilo político de minha família no Brasil e agora a vida de escritor. A entrevista foi amena e deliciosa. Angélica ganhou vários presentes típicos e encantada com a receptividade me cobra para vir más vezes ao país. Voltamos para nossa casa depois de um mês. Para não prejudicar os estudos das crianças. Aproveitamos as férias para realizar a turnê. O retorno financeiro foi fantástico. Com isto a editora parou de me pressionar com terceiro livro que formava parte do meu contrato. Uma vez comprido o contrato. Pretendia descansar viajando com as crianças e Angélica pelo mundo. Mas uma vez mais, problemas na minha vida. Em um exame de rotina Angélica descobre um câncer incipiente que aparentemente não atrapalharia a nossa viagem. Nos deslocamos até São Paulo para que Angélica pudesse ser tratada. Os exames mais sofisticados foram realizados e o diagnostico era aterrador. Angélica estava morrendo e agora como contar para minhas filhas. Mas decididos e convictos de que o melhor era falar a verdade... Resolvemos contar a todos. Minhas filhas foram as primeiras, a saber. Depois Angélica comunicou o fato a seus pais. Angélica resolveu passar seus últimos meses de vida em Ponta Porá. Na fazenda que Juan José me havia dado de presente. Liguei para meu pai pedindo a eles que não mencionassem a doença na frente de minhas filhas e de Angélica. A previsão dos médicos não foi exata. Acredito que meu amor e a vontade de viver de minha esposa. Fizeram o milagre de prolongar a vida por um ano. As dores eram tremendas. E Angélica em nenhum momento se queixou de nada. Sempre sorrindo... Partiu como foi a sua vida. Com alegria. Antes de expirar me fez um pedido. Julian prometa-me que não se deixara abater pela minha perdida. Seja forte! Que as meninas, as nossas meninas precisam de você. Nunca as abandone pela dor... Deus como a amava. Por quê? Você a tirou de mim. Que fiz para ser castigado de esta maneira???... Ela seria sepultada na fazenda onde havíamos sido tão felizes. Recolhi-me na fazenda. Minhas meninas voltaram para continuar com os estudos. A minha velha empregada da fazenda iria com elas. Eu ficaria na fazenda com ela... Com Angélica por mais um bom tempo e teria o tempo suficiente para colocar em dia nossa conversa. Minhas filhas entenderam o porquê de minha insistência de ficar e compreenderam.
Ricardo Sol
Enviado por Ricardo Sol em 02/12/2020
Alterado em 07/05/2024 Copyright © 2020. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |