Ricardo González Rodríguez

Ser escritor es un privilegio de pocos...

Textos

O Guerreiro...Parte 37.
                           O LIBRO.
                        O ROMANCE.  
Em setembro retornamos para Porto Feliz.
A alegria da família parecia sincera.
Eu fiquei distante de tudo.
Queria que ela contasse sua experiência sozinha.
Todos falavam que ela havia emagrecido.
Coisas de pessoas simples que não sabiam o que falar.
Sai e caminhei ate a telefônica para falar com meu editor.
O livro...
Melhor o lançamento do livro já estava sendo vinculado pelos jornais, revistas, radio e tv.
A expectativa pelo livro por parte de todos era grande.
O livro foi lançado em doze de outubro no dia da hispanidade.
No dia em que Cristóbal Colombo chegou a terras americanas.
Ao novo continente. Nada mais significativo.
Pois era um paraguaio que lançava o seu livro “ERVAIS – O OURO VERDE”.
A noite foi maravilhosa.
A editora havia convidado o mundo artístico e literário.
Assim como também pessoas a caça dos quinze minutos de fama.
Que enlouquecia a muitos.
Estas celebridades faziam que um livro tivesse repercussão na mídia.
Era uma troca de favores.
Hoje em dia o talento já não importava tanto.
Valia mais o poder econômico e de mídia para atingir os objetivos.
O investimento pelo jeito havia sido grande.
Eles estavam apostando em mim.
Queriam um “post star”.
Uma Jornalista que fazia de minha assessora.
Queria ensinar-me o que fazer.
Dizia-me a cada momento para sorrir e como agir.
Sempre querendo me afastar de minha esposa.
As fotografias deveriam ser sempre ao lado de uma modelo ou atriz que estivesse por perto.
Eu tentando permanecer ao lado de Angélica e eles querendo me afastar.
Cansado de tudo isso.
Chamei o meu editor e falei...
Não tentem afastar-me de minha esposa.
Eu sou casado e pronto.
Podem fazer tudo de minha figura de escritor.
Mas Julian é casado, feliz e apaixonado.
Eles entenderam a mensagem e quando apresentei o livro.
Acredito que a plateia comprou o livro pelo que eu havia dito a eles e não pelo circo que havia sido montado.
Cansei de assinar.
Dei tantos autógrafos que estava exausto.
Quantas dedicatórias para pessoas que nunca havia visto na minha vida.
Sabia que isso era uma festa de apresentação e uma troca de favores.
O livro seria um sucesso...
Se o publico que não estava ai comprasse.
A minha expectativa.
Era que o publico chegasse ate as livrarias e adquirissem.
Que as bancas de revistas também o comercialiçasem.
Se o publico.
O leitor comum, aquele que divulga o livro de boca em boca.
Se este leitor achar que valeria a pena.
Que é e que era de fato bom.  
A vendagem seria todo um sucesso.
Passaram dois meses.
Estávamos na fazenda vendo a TV a cabo...
Quando uma repórter noticiava.
Uma bomba literária.
Escritor Julián Adolfo Martínez.
Desconhecido do grande publico escritor faz sucesso...
A repórter dizia “Um livro que foi lançado, há dois meses, que fala da guerra do Paraguai e o maior sucesso nas livrarias do país”.
Mais de 250.000 exemplares já foram vendidos.
Ninguém entende o sucesso inusitado de um livro escrito por um desconhecido. Procurado à editora informou que o escritor é paraguaio radicado há muitos anos no Brasil.
Que já tem publicado duas obras.
Um livro pedagógico e um livro de poemas em língua espanhola.
Casado com uma brasileira quinze anos mais nova do que ele.
O escritor que vive na faixa de fronteira tem o contrato com a Editora Nova Era por cinco anos.
Nestes cinco anos o escritor tem o compromisso de apresentar mais duas obras.
Após a reportagem fiquei quieto e com os olhos cheios de lagrimas.
Angélica percebendo a minha fraqueza e emoção chegou ate mim dando-me apoio e conforto.
Eu só falei: “Consegui” Finalmente consegui.
Acredito que a emoção da lembrança era tamanha...
Ele faz uma longa pausa e o silencio se apodera do ambiente.
Nesse momento ele fica mudo.
Olha-me e diz...
Marcela a partir de aquele dia minha vida muda...
A sua emoção me comove e quero acaricia - lo.
Eu queria confortar - lo.
Mas não sabia se podia.
Percebo que as suas lembranças são fortes.
E tomado pelas lembranças, fecha-se em si e em silencio deixa o recinto.
De essa forma.
Determina que o relato seja interrompido.
Discretamente sai e se recolhe no seu quarto.
Eu também saio para renovar forças.
A vida de este contador de sonhos e envolvente e fascinante.
É impossível ficar alheio a seu charme.
Tudo em ele é interessante.
Nasceu para o sucesso.
Abençoado pela natureza.
É um homem bonito, culto, fascinante.
Impossível resistir a seu charme.
Envolvia-me cada vez mais com ele.
Este envolvimento era meu.
Não era compartilhado por ninguém.
Não queria machucar-me.
Deveria esperar e ver o que aconteceria, entender melhor.
Sai para caminhar.
Um formoso lago que estava na propriedade foi testemunha do grande amor que havia nascido na minha vida.
Mas que acreditava difícil de ser correspondido.
Passaram três dias ate retomarmos novamente o relato da historia de sua vida.
Vários jornais foram ate a fronteira e Julian pacientemente deu todas as entrevistas. Seu nome circula pelo país.
Vira uma estrela.
Uma celebridade.  
Aparece nos jornais do estado, de São Paulo e Rio de Janeiro.
Tornou-se de fato um contador de sonhos...
Depois de esses dias tumultuados prosseguimos com nosso trabalho.
Quando retomamos a historia ele disse...
Angélica ficou grávida a alegria então foi completa.
Mas para tanta alegria um primeiro problema.
A gravidez corria um risco muito grande.
O feto não se mexia.
O primeiro diagnostico era preocupante.
Angélica não havia desenvolvido o útero.
Seu útero era quase infantil.
Foi aconselhado um aborto.
Aquela tragédia que havia chegado a minha vida.
Tirou-me a alegria.
Choramos lagrimas e mais lagrimas.
A pesar do sucesso e dos ganhos pecuniários.
A minha vida se havia tornado um caos.
Daria tudo para que meu filho pudesse nascer sem nenhum problema.
Os prognósticos sobre o bebê foram alarmantes.
Falavam para mim que poderia nascer com problemas mentais.
Outros me falavam de doenças mais graves ainda.
Mas Eu e Angélica acreditávamos que nosso filho nasceria sem nenhum tipo de doença.
Em nosso desespero fomos ate um velho médico.
A quem explicamos o problema.
Ele nos deu esperança e nós acreditamos.
Meus filhos... Falou o médico.
Só Deus pode prever.
Quem somos nós para duvidar da vida.
Da divindade.  
Se vocês acreditam. Nada importa.
A fé no amor fará com que seu filho ou filha venha ao mundo com muita saúde.
É o amor de vocês que está se formando.
Eu os pergunto que vocês acham?
-Sabia que meu filho lutaria pela vida.
Nós faríamos de tudo para que ele ou ela vingasse para a vida.
E acreditamos.
Tomamos todos os cuidados possíveis
Angelina ficou em cama cinco meses.
Em repouso absoluto para não perder o bebê.
O sofrimento dela foi tão grande.
Mas a benção foi grande.
Que Graças a Deus. Fomos abençoados com o nascimento de uma linda menina... Nossa filha Luna.
O único problema que notamos era que recolhia a perna.
A pediatra diagnostica um deslocamento da bacia. Que comprometia o encaixe do quadril na posição normal.
Durante nove meses minha filha usou um aparelho ortopédico e conseguimos sanar o problema.
A minha alegria foi tamanha.
Deus me deu uma luz ainda mais forte para trilhar o meu caminho.
Luna foi crescendo sem problema.
A nossa felicidade voltou.
Acreditávamos que havia sido uma prova de fé e amor.
Conseguimos superar e fortalecer o nosso amor.
Em 1990 a nona falece e todos foram para o último adeus.
A nona havia sido muito especial na minha vida.
Foi ela a nossa maior defensora e aliada.
Ela acreditou em meu amor pela sua neta.
Depois dos funerais combinamos um descanso.
Meu pai não pegava férias há muito tempo.
Então resolvemos esticar a nossa estadia para a praia.
A família toda reunida.
Meus sobrinhos Marcelo, Mariana e Mayara.
E a caçula da família Martinez... Luna!
O mar com seus mistérios me traziam lembranças distantes.
Onde estaria Letícia?
Puni-me pelos pensamentos em outra mulher.
Fazia tempo que não pensava em outra.
Como querendo me redimir fui ate onde estava minha mulher e minha filha.
As abracei com tanta força que elas reclamaram do aperto.
Carreguei Luna nas costas e fui até as águas...
Angélica sorria feliz.
Quando voltamos para o apartamento que havíamos alugado e pegando o jornal uma noticia surpreendente.
O general Strossner havia sido derrocado.
No comando uns dos Coronéis mais jovens do exercito Ubaldo Diaz de Vivar. Estava preste a cumprir seu sonho...
Ser general antes dos quarenta anos.
Li com avidez e curiosidade os pormenores da queda.
Havia sido planejado com bastante astúcia.
Foi Ubaldo quem pediu a rendição ao velho general.
Talvez agora meu país tomasse outros rumos.
Já era hora de extirpar de América do Sul estes crápulas que se perpetuavam no poder.
Tomara que os novos dirigentes políticos tivessem outra mentalidade e que objetivasse o bem estar do povo.
Mandar a retiro todos os militares com sonho presidenciais.
Militar no comando não da certo porque sempre valoriza a violência e a força.
A democracia era a saída.
Liberdade para todos.
Tentar construir o mundo e o país através do dialogo, da tolerância e do respeito.
Chamando a todos para começar a caminhada para um futuro melhor, mais humano e justo.
Desde a guerra da triplece “alianças” estavam buscando o rumo de nosso país.
Chega de mortes era hora de reconstruir.
É hora do perdão.
Para encontrar paz.
Deveríamos esquecer o passado.
Como um sonhador que era.
Deixe-me levar pela minha empolgação.
Deveríamos esperar e ver o que aconteceria.
Esperar era a clave do problema...
Depois de aqueles acontecimentos as mudanças foram nulas.
As desavenças continuaram.
Todos queriam o comando.
Inclusive meu amigo Diaz de Vivar.
Que havia ganhado muita notoriedade pelo comando das tropas que haviam derrubado o ditador.
As lutas internas continuaram por todo o ano.
Não havendo um consenso os militares assumiram o comando do país novamente.
Seriam chamadas eleições o próximo ano.
Nada havia mudado.
As ideias continuavam iguais.
Deixe meu país em paz e me concentrei no meu trabalho.
Meu primeiro livro ainda rendia um bom dinheiro e minha figura era requisitada para palestras em escolas e universidades.
Meu segundo livro estava a caminho.
O borrador havia sido enviado para meu editor.  
A aprovação chegou.
Só não concordaram com o titulo.
Queriam que eu trocasse por outro.
Mas não conseguia enxergar um titulo para o novo romance.
Ate que finalmente me decide pelo titulo “A segunda chance e a ultima”.
O segundo livro não teve o mesmo sucesso que o primeiro.
As criticas foram bastante duras.
As assimilei bem.
Pois achava que também não havia preenchido as minhas expectativas.
Tornei-me muito comercial em este livro.  
O tempo conspirou contra mim.  
Perdi-me, talvez na ideia de que poderia fazê-lo.  
A autoconfiança tomou conta de mim.
Comprometendo meu trabalho.
Como estava sufocado pelo tempo para entregar o segundo romance...
Acredito que fui escrevendo por escrever.
Sem inspiração e especialmente sem o tesão necessário que sempre deve acompanhar um escriba.
Mas mesmo assim a venda foi muito boa.
Sempre é o leitor que faz a diferença.
Esses leitores que ganhei no primeiro livro.
Continuavam fieis aos meus escritos.
Ricardo Sol
Enviado por Ricardo Sol em 02/12/2020
Alterado em 27/12/2021
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