Ricardo González Rodríguez

Ser escritor es un privilegio de pocos...

Textos

O Guerreiro...Parte 35.
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Em julho de 1980.
Um encontro inesperado me deixa meio atordoado.
Havia voltado a participar ativamente da organização e esta vês a minha ligação era muito mais ativa.
Excursionava com meus comandados contra as forças militares que apoiavam o Ditador e a Ditadura...
Pequenos comandos treinados na faixa de fronteira na luta urbana preparando nossos membros para o confronto com o inimigo.
Essas incursões nos deram algumas vitórias, mas o inimigo melhor preparado, estruturado e mais profissional nos devolvia a realidade.
Que nosso ideal era uma coisa e levá-la para a realidade era uma grande utopia.
Uma grande quimera.
No fundo...
Eu sabia que aquilo não daria certo.
Mas não podia parar.
Se não defraudaria meus camaradas.
Uma tarde estando numa cafeteria bebericando meu gostoso café.
Na minha frente Ubaldo Diaz de Vivar.
Minha surpresa foi tamanha.
Pois não esperava esse encontro.
Eu só atinei a falar...
Ubaldo Diaz de Vivar!!!!
Não meu querido amigo...Capitão Ubaldo Diaz de Vivar!!!!
Dei uma sonora gargalhada, todos na cafeteria me olhando, mas não conseguia esconder o lado lúdico e grotesco da cena.
O mistério da presença do meu amigo de infância me trazia alegria, contentamento e ao mesmo tempo preocupação.
A presença dele não era por acaso.
Estava ali por um motivo e o motivo era bem forte.
Cara, Eu realmente estou contento, dois anos atrás me encontrei com Carlos e agora você.
Ele me olha retira um cigarro me oferece um.
Não aceito.
Havia parado de fumar.
Ele ascende o seu.
Aspira profundamente o fumo como buscando as palavras que iria empregar.
Amigo para nós militares você e um problema e a solução.
Olhei para ele sem entender.
No meu grupo de amigos ele era o único que lograva surprender-me.
E novamente estava conseguindo.
Ubaldo deixe de lado as brincadeiras e vamos ver o que você deseja?
Você sabe que sempre fui ambicioso que nada faço sem algum motivo.
Meu objetivo principal e chegar com o tempo...
É claro ao comando de todas as forças armadas e para que isso aconteça...
Já devo iniciar a minha campanha para deixar entre meus colegas e camaradas uma boa impressão.
A liderança que existe em mim.
Continuo a não entender.  
Caro amigo Eu quero utilizar teu nome de “bandoleiro bom” para mostrar a falta de pulso dos velhos comandantes.
E mandá-los a retiro e assim tirar do caminho aqueles que possam impedir a minha ascensão na hierarquia militar.
Eu estava pasmo, não conseguia entender como o “bandoleiro bom” poderia ajudar meu amigo.
Ele continuou a falar.
Eu sei o que você esta pensando.
Mas a mídia fará o seu papel.
Na realidade é Pedro que continuara a apimentar a tua vida.
Com isto vamos cutucar o governo.
Queremos mudar a postura do país em relação à guerrilha.
Apesar de que em nosso país nós conseguimos controlá-lo.
Os que mais sofrem são Argentina, Chile e Uruguai.
Sabemos pela inteligência que você não representa perigo para o país.
No fundo você os controla.
Faz de conta que luta.
Da umas escaramuças e foge.
Lembro-me que você utilizava esta tática quando prestávamos o serviço militar.
Ataque surpresa, pânico, confusão...
Poucas vitimas e retirada.
Tudo correto, limpo e perfeito.
Meu amigo, não existe guerra limpa.
Todas as guerras são sujas.
Não dá para ser como em um filme.
Na realidade a guerra e suja.
Tem sangue e mortes.
Julian ela é real.  
A vida é real!
No podemos fingir, devemos agir.
Eu estou agindo e oferecendo para ti aquilo que você esta careca de saber.
No tem chance de ganhar.
O sonho acabou.
Eu estou te oferecendo a tua redenção, não me importa que você seja o herói.
Eu sou teu amigo, teu melhor amigo e como irmãos que somos não posso permitir que você fique abandonado.
Todos estão contigo Carlos, Francisco, Pedro, Eduardo, Jorge, Fernando e Eu.
Nós somos irmãos de sangue e pertencemos a Irmandade.
Temos que terminar com esta loucura.
E bastante complicada, mas podemos fazer que os outros irmãos também se engajem na cruzada.
O grande empecilho é os Estados Unidos devemos convencê-los a mudar de foco.
Na Argentina e no Uruguai estão falando em anistia, a mesma coisa esta acontecendo no Brasil.
Em nosso país esta mais complicada porque o velho general esta querendo perpetuar-se no governo.
Pretendo ser General antes dos quarenta anos.
Por isso estou no comando dos novos oficiais do exercito.
O grande mestre da nossa Irmandade é o Dr. Antonio Sebastian González. Nosso grande conselheiro do colégio...
Você se lembra?
No Brasil aqui em Ponta Porá é o João Benites empresário da Erva-Mate.
Falei...Eu sei quem é...
Respondi quase como uma criança quando ensinado com as primeiras letras.
Julian você não tem saída e na realidade e hora de decidir e desistir.
Acredito que escolhera o melhor para sua vida e o melhor é recuperar sua dignidade.
Deixe sonhos de juventude e seja bem vindo para o mundo real.
Quando Ubaldo foi embora me dei conta de como somos usados e levados a acreditar em nossos sonhos como alguma coisa possível.
Mas tudo é resolvido pelos detentores do poder.
Se você não forma parte de algum esquema ninguém chega à parte algum...
A nenhum lugar.
Pertencia a uma seita onde os amigos se preocupavam por mim.
A pergunta... Era legal ou não?
Pela mídia do meu país Eu era o grande herói, no fundo era o que sempre quis.
Mas Ubaldo falou uma coisa positiva e real para minha vida.
Recuperar a minha dignidade.
Devia segurar o ímpetu dos meus camaradas até que todo se ajeitasse.
Demorou um ano ate que o problema fosse solucionado totalmente.
Ricardo Sol
Enviado por Ricardo Sol em 02/12/2020
Alterado em 06/05/2024
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