O Guerreiro...Parte 20.
Dias depois de está conversa retornei a questioná-lo sobre seu público leitor e também porque estava curiosa.
E ousei perguntar...Você não se cansa de atendé-los? Me respondeu em forte e bom tom... "E ele que compra meus livros e eu escrevo para eles e quando adquirem minha obra começam a formar parte do meu circulo familiar...Eu os incorporo". E não atendé-los seria um grande desrespeito e toda vez que apresento um livro espero ansioso que eles compareçam. Neste processo do livro todos são importantes: A editora, o editor, a publicidade, a midia e a critica... Mas para mim principalmente o leitor. Porque será ele que marcará a diferenca do sucesso ou do fracasso. Reafirmo que se o leitor não comprar a obra. Poderemos ter as máquinas de publicidade mais poderosas do mundo, mas sem o leitor nada sera feito e o leitor que faz que um escritor tenha sucesso. As criticas poderam ser crueis, mas quem desequilbra a balança é o público leitor. Porque se a interação do escritor e o público acontecer...O sucesso está garantido!!!! Eu sou um escritor mediano e não me posso considerar excepcional, pois meu sucesso é regional. Mas estou satisfeito de haver conseguido sucesso em um país onde a leitura não é o vehículo mais importante de divertimento e por sinal de crescimento intelectual. Quando a leitura se faça por prazer e não por obrigação poderemos pensar em um país mais culto e soberano nas suas manifestações. E não induzí-los a acreditar em coisas que não tem sentido e coerência. Após aquela conversa comecei a entender melhor o que ele queria fazer. Me havia contratado para poder escrever suas memórias e tentei ser para ele a ouvinte e a escriva que estava procurando para contar sua história. Ser a mais objetiva possível!!!! Mas a tarefa seria dificil. Com um cara de esses teria que ter muito equilibrio, paciencia e muita calma. Ele era fascinante, charmoso e suas histórias e lembranças também. Da maneira que ele ia contando as coisas...Eu não poderia ficar insenta da emoção que ele transmitia. Suas vivencias eram forte emoções e que você queria haverlas compartilhado!!!! As palavras que ele pronunciava eram como música aos ouvidos. Era gostoso ouví-lo!!!! Tinha a voz melodiosa e macia e ao mesmo tempo varonil!!!! Naquela noite encantada pela história que me havia contado e sabendo que na biblioteca tinha um Cd com seus poemas e não resistindo ao encantamento...Ouví os poemas que me encantaram pela simplicidade e pela força das palavras e esses poemas me transportaram ao paraíso. Ao outro dia quando ele voltou a falar o meu amor por ele era maior!!!! Me havia apaixonado como uma garotinha inconsequente e imatura. Mas ninguém manda no coração. E as coisas acontecem... Ele não poderia saber. Se não meu trabalho estaria comprometido. Esse encantamento que ele despertara não havia atingido só a mim. Éramos muitas mais as que estávamos fascinados pelo encantamento que dele emanava e acho que ninguém estava isento... Isso acontecia frequentemente com as pessoas que o conheciam. Resisti a meu amor por ele, pois sua história me dariam mais detalhes da sua vida. Da vida deste sonhador e ele realmente era um romántico e nunca um romántico chato e meloso. Ele era na medida certa. Era um homem que sabia colocar as palavras de uma maneira doce e agradável. A cada dia e cada momento descobria algo novo e agora o descobri como pai. Não como meu pai e sim como o pai de suas filhas e para mim a presença delas foi uma surpresa inesperada. Carinhoso, doce, amoroso e gentil. Fiquei sabendo que as filhas moravam com a irmã a Nancy que fazia as vezes da mãe desde a morte da esposa de Julian e de comum acordo com elas...das filhas!!!! Da Luna e Sol que decidiram morar com a tia, mas com a conclusão do ensino fundamental II estavam voltando para completar o ensino medio em São Paulo. O pai carinhoso e atento que elas tinham...Dava inveja!!! Ele se doava de tal forma que as meninas se sentiam protegidas e principalmente amadas. Nesses dias não tivemos relatos da sua vida. Ele sumiu com as filhas e era Mac e Shoppins e todos os dias voltavam carregadas de sacolas. Julian feliz como nunca!!!! Eu também fui convidada a acompanhá-los e decidi não ir, pois as meninas queriam o pai totalmente para elas. Abraçavam o pai com um misto de posse e amor. Aí não tinha para ninguém!!!! Elas eram absolutas!!!! Aproveitei para viajar. Comuniquei para ele e me recolhi na ninha cidade para recarregar forças para continuar com meu trabalho. Retornei depois de quinze dias e as meninas haviam ido para casa de praia que Julian havia comprado após umas férias, em Piruibe e essa casa foi comprada quando as meninas se apaixonaram pela casa e pelo lugar. E como ele não negava nada para suas ilhas o presente foi feito. Quando retornamos a nosso relato era a vez de falar da esposa... Comecou a falar da gravidez da esposa e da dificuldade pelo que passaram para levar até o final a gravidez da Luna e pelo que notei a emoção das lembranças estavam mais vivas do que nunca. - Você viu Marcela...A Luna está uma mulher e tanto!!! - Eu respondí: Julian ela tem treze anos. Sei que ela será uma bela mulher e tão bela como a mãe. Eu senti o calor subir pelo meu corpo e esse calor poderia interpretar-se como "um ciuminho" e isso fez que perdesse a compostura e meu equilíbrio porque nunca antes havia tocado o nome dela. Me havia pegado de surpresa. Meu ciume as canalizei para outros pensamentos. As meninas demostraram tanto carinho pelo pai e era muito bonito vê-los e apreciá-los... Ao iniciar as aulas ele fazia questão de levar e trazer as filhas do colégio. De vez em quando era requisitado para dar palestras para alunos e pais e ele se doava com prazer. Atendia também entidade sociais e assim como também o resgate do patrimônio público e da cultura do município. Esse depoimento sincero do escritor me deu o perfil exato do homem e do ser humano que era Julian....
Ricardo Sol
Enviado por Ricardo Sol em 28/11/2020
Alterado em 06/05/2024 Copyright © 2020. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |